NUSEIRAT, Faixa de Gaza (AP) – Haneen al-Mabhouh, 34 anos, está sentada numa cadeira de rodas na casa da sua família em Nuseirat, centro de Gaza, lamentando a perda das suas quatro filhas, incluindo o seu bebé de 5 meses, que foram mortas num ataque israelita à sua casa no ano passado. Al-Mabhouh também perdeu a perna no ataque e aguarda permissão para viajar ao exterior para tratamento adicional que possa restaurar sua mobilidade.
“Sonho em caminhar novamente, em segurar um novo bebê, em reconstruir minha família”, disse ela, com a voz carregada de tristeza. Por enquanto, ela depende dos pais para os cuidados básicos diários e não consegue nem segurar uma caneta.
Perto dali, Yassin Marouf, de 23 anos, está numa tenda, com o pé esquerdo amputado e a perna direita gravemente ferida depois de ter sido atingido por um bombardeamento israelita em Maio. Seu irmão foi morto no mesmo ataque e Marouf tem dificuldades com movimentos básicos. Os médicos dizem que a sua perna direita também poderá necessitar de amputação, a menos que receba tratamento fora do território palestino.
“Se eu quiser ir ao banheiro, preciso de duas ou três pessoas para me carregar”, disse ele.
Em Gaza, milhares de pessoas enfrentam desafios semelhantes. Youssef al-Samri, de 16 anos, perdeu ambas as pernas enquanto ia buscar água perto de sua casa, após um ataque aéreo israelense em maio. Deslocado para um jardim de infância no bairro de al-Tuffah, na cidade de Gaza, ele navega pelo mundo com as mãos, contando com apoio para se movimentar pelas salas de aula onde as crianças brincam ao seu redor.
Fadi al-Balbisi, de 12 anos, está aprendendo a andar novamente com uma prótese depois de perder a perna direita devido a um bombardeio em abril. No Hospital Hamad, em Zawaida, ele pratica com uma prótese sob a orientação de especialistas, sendo cada passo um marco conquistado com dificuldade para recuperar a independência.
A Organização Mundial de Saúde estima que 5.000 a 6.000 pessoas em Gaza ficaram amputadas devido à guerra entre Israel e o Hamas, um quarto das quais eram crianças. Muitos enfrentam longas esperas por próteses ou evacuações médicas no exterior. Os centros locais, como o Centro de Membros Artificiais e Pólio na Cidade de Gaza, estão sobrecarregados e têm apenas suprimentos limitados para fornecer membros artificiais.
Embora um recente carregamento de materiais protéticos essenciais tenha chegado a Gaza, a necessidade continua crítica. Pacientes como al-Mabhouh e Marouf enfrentam meses de espera por tratamentos que possam prevenir novas amputações ou restaurar a mobilidade. Mesmo com os cessar-fogo em vigor, as evacuações médicas têm sido lentas, dificultadas por barreiras burocráticas e logísticas.
No meio desta crise, as vidas das pessoas afetadas estão congeladas na incerteza. Para al-Mabhouh, Marouf, al-Samri e al-Balbisi, cada dia é uma luta por movimento, dignidade e esperança, enquanto navegam no rescaldo da guerra com resiliência e com a fraca promessa de ajuda médica.
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Esta é uma galeria de fotos com curadoria de editores de fotos da AP.



