Historicamente, algumas doenças têm sido geograficamente limitadas, naturalmente confinadas a áreas do globo onde o clima é adequado para a sua propagação. As doenças transmitidas por mosquitos, como a dengue, são bons exemplos, porque só proliferam em áreas onde a temperatura e a precipitação são benéficas para o crescimento da população de mosquitos, bem como para o florescimento da própria doença.
No entanto, à medida que a Terra aquece devido à poluição atmosférica, cada vez mais partes do mundo se enquadram nessas condições – e a dengue já está a tornar-se um problema mais generalizado, como revelou um novo estudo coberto pelo Relatório Stanford.
O que está acontecendo?
O estudo foi conduzido por pesquisadores de Stanford, Harvard, Arizona State University e do National Bureau of Economic Research. Foi publicado em setembro no Proceedings of the National Academy of Sciences.
Os pesquisadores examinaram o quanto o aumento da temperatura da Terra aumentará os casos de dengue no futuro – e quanto já aumentou.
“Os efeitos da temperatura foram muito maiores do que eu esperava”, disse a autora principal Marissa Childs, professora assistente de saúde ambiental na Universidade de Washington, de acordo com o Relatório Stanford. “Mesmo pequenas mudanças na temperatura podem ter um grande impacto na transmissão da dengue, e já estamos vendo a impressão digital do aquecimento climático”.
Então, qual era exatamente o tamanho daquela impressão digital? Depois de examinar 1,4 milhões de casos da doença em 21 países, os investigadores determinaram que as alterações climáticas são responsáveis por mais 4,6 milhões de infecções por ano, representando um aumento de 18% na incidência da doença. Em 2050, a taxa poderá subir mais 49%, para 76%.
Por que esse resultado é importante?
A dengue, também chamada de “febre quebra-ossos”, é uma doença dolorosa e potencialmente grave. Em casos graves, pode causar dor debilitante e levar à morte. Segundo a Organização Mundial da Saúde, quem a contrai mais de uma vez corre maior risco de sofrer um caso grave. E à medida que o mundo aquece, cada vez mais pessoas que nunca foram expostas a esta doença antes estão agora em risco – um facto que já teve um número de mortes.
“Esta não é apenas uma hipotética mudança futura, mas uma grande quantidade de sofrimento humano que já aconteceu devido à transmissão da dengue provocada pelo aquecimento”, disse a autora sênior Erin Mordecai, professora de biologia da Escola de Humanidades e Ciências de Stanford, de acordo com o Relatório Stanford. “A mudança climática não está afetando apenas o clima – ela tem consequências em cascata para a saúde humana, inclusive alimentando a transmissão de doenças por mosquitos”.
O que está sendo feito em relação à transmissão da dengue?
Pesquisas recentes sobre vacinações produziram resultados que prometem reduzir a propagação da dengue em todo o mundo. Alguns governos locais também estão a trabalhar no controlo directo da população de mosquitos para assim impedir a propagação da doença.
Contudo, a única solução a longo prazo para o problema mais vasto das doenças que se espalham mais rapidamente em temperaturas mais altas é reduzir a temperatura da Terra através da redução da poluição atmosférica.
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