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Índia revoga ordem para pré-carregar smartphones com aplicativo de segurança estatal

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Índia revoga ordem para pré-carregar smartphones com aplicativo de segurança estatal

O governo da Índia voltou atrás em uma ordem para que todos os smartphones fossem pré-instalados com um aplicativo de segurança estatal, após protestos em massa sobre questões de privacidade e recusa de empresas de tecnologia em cumprir.

O departamento de telecomunicações confirmou que revogou a ordem anterior para que todas as empresas de tecnologia instalassem obrigatoriamente o aplicativo de segurança cibernética Sanchar Saathi do governo em todos os smartphones da Índia dentro de 90 dias.

Protestos políticos surgiram sobre a ordem e várias empresas de tecnologia, incluindo Apple e Google, deixaram claro que não cumpririam a ordem devido a questões de privacidade. Em comunicado divulgado na tarde de quarta-feira, o governo confirmou que “decidiu não tornar obrigatória a pré-instalação para os fabricantes de móveis”.

Enfatizou que o aplicativo, que permite aos usuários bloquear e rastrear telefones celulares perdidos ou roubados e denunciar chamadas fraudulentas, era “seguro e destinava-se exclusivamente a ajudar os cidadãos” contra “maus atores”.

A ordem inicial, dada discretamente às empresas de tecnologia na semana passada, colocou o governo em maus lençóis depois que grupos de privacidade na Internet e a oposição política levantaram preocupações de que o aplicativo pudesse ser usado como uma ferramenta de vigilância em massa.

A Apple e o Google informaram anonimamente à mídia que as empresas de tecnologia reagiriam contra a ordem, já que a medida levantava preocupações com a privacidade de seus sistemas operacionais e violava políticas internas.

Protestos eclodiram no parlamento na quarta-feira, com deputados da oposição acusando o governo, liderado pelo primeiro-ministro, Narendra Modi, de violar o direito básico dos cidadãos à privacidade.

Randeep Singh Surjewala, do partido de oposição Congresso Nacional Indiano, disse que o aplicativo “poderia ser um possível interruptor para matar” que poderia transformar “cada telefone celular em um tijolo, que o governo poderia usar contra jornalistas, líderes da oposição e dissidentes, se assim o desejasse”.

Paralelos foram feitos com um pedido feito pelo governo russo em agosto para que um aplicativo chamado Max fosse instalado em todos os smartphones, gerando temores de que fosse uma ferramenta de vigilância em massa.

O ministro das comunicações, Jyotiraditya Scindia, respondeu às críticas, dizendo que o aplicativo Sanchar Saathi era voluntário e poderia ser excluído, apesar da ordem inicial afirmar o contrário.

Ele disse: “Posso excluí-lo como qualquer outro aplicativo, pois todo cidadão tem esse direito em uma democracia. A espionagem não é possível através do aplicativo, nem nunca será”.

A decisão do governo de revogar a ordem foi comemorada por grupos que defendem os direitos e a privacidade online. Num comunicado, a fundação para a liberdade na Internet afirmou: “Por enquanto, devemos tratar isto como um otimismo cauteloso, e não como um encerramento, até que a orientação legal formal seja publicada e confirmada de forma independente”.

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