SAN JOSÉ – Jose Julian Toro-Marin concordou em atuar como intermediário em uma conspiração para contrabandear 22 quilos de cocaína para fora de Columbia, mas tudo acabou quando ele apareceu aqui para um encontro cara a cara com uma pessoa que acabou por ser um agente federal disfarçado, mostram os registros do tribunal.
Mas em documentos judiciais, Toro-Marin, 63 anos, revelou publicamente pela primeira vez que o seu crime – uma ruptura com a sua “vida perfeitamente cumpridora da lei”, segundo o seu advogado – não foi uma ocorrência aleatória. Ele havia sido contatado com uma ameaça de extorsão de US$ 100 mil, aparentemente por um grupo agora extinto de guerrilheiros comunistas de esquerda, para pagar ou sua família seria prejudicada, de acordo com os autos do tribunal.
“Desesperado para angariar o dinheiro exigido pelas guerrilhas, depois de as autoridades colombianas não terem sequer tentado proteger a sua família delas, o Sr. Toro concordou em agir como intermediário numa conspiração para importar cocaína para distribuição nos Estados Unidos, o que acabou por ser uma operação policial”, diz um memorando de sentença da defesa.
Agora, a Toro-Marin enfrentou a música. Sob custódia desde a sua prisão em 2024, e apesar dos apelos das suas filhas para lembrarem que o avô agiu “por desespero, não por maldade”, a juíza distrital dos EUA Rita Lin condenou Toro-Marin a quatro anos de prisão federal. Os promotores pediram ainda mais do que isso, argumentando que uma sentença de 57 meses seria “suficiente, mas não maior do que o necessário, para refletir a seriedade” do que ele fez, de acordo com os autos do tribunal.
Os promotores disseram que durante vários meses, Toro-Marin e “associados” não identificados trabalharam para contrabandear cocaína, e que ele acabou se reunindo com informantes “confidenciais” que trabalhavam com o governo federal. O seu planeamento incluía “uma reunião em Bogotá em 2 de julho de 2024, durante a qual os conspiradores concordaram que tentariam enviar 22 quilos de cocaína da Colômbia para os Estados Unidos aproximadamente 20 dias depois”, diz um memorando de sentença da acusação. A Toro-Marin se encontrou com um agente secreto em San Jose duas semanas depois.
“Toro-Marin disse ao (agente) que conhecia pessoas que queriam contrabandear centenas de quilos de cocaína para os Estados Unidos e afirmou ainda que esperava que o (agente) pudesse ajudá-lo a contrabandear mais de 20 quilos de cada vez para os Estados Unidos”, diz o memorando.
Para respaldar a alegação de extorsão, o advogado de Toro-Marin apresentou mais de 100 páginas de provas, incluindo fotos de notas ameaçadoras escritas em papel com armas de assalto emolduradas, bem como mensagens de texto e um relatório policial onde a suposta conspiração é discutida.
Faltando pouco mais de dois anos para o fim da pena, as filhas de Toro-Marin disseram em sua carta que sentem falta dele todos os dias.
“Não há um dia em que não sintamos falta dele, especialmente agora, quando o maior sonho de sua vida, tornar-se avô, finalmente se tornou realidade, mas ele nem mesmo conseguiu segurar a neta nos braços”, diz a carta.



