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Países se dividiram fortemente em relação aos combustíveis fósseis no último dia da cúpula climática COP30

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Países se dividiram fortemente em relação aos combustíveis fósseis no último dia da cúpula climática COP30

O novo projecto de proposta do Brasil não contém um roteiro para uma transição, nem sequer menciona “combustíveis fósseis”.

Os países continuam profundamente divididos sobre o futuro dos combustíveis fósseis, uma vez que a Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas de 2025, conhecida como COP30, está prevista para terminar na cidade de Belém, no norte do Brasil, potencialmente numa névoa de recriminações.

Os delegados presentes na conferência de duas semanas não conseguiram chegar a um acordo, já que o Brasil divulgou na quinta-feira um novo projecto de proposta que não incluía um roteiro para a transição dos combustíveis fósseis – nem sequer mencionava o termo “combustíveis fósseis”.

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Mais de 30 outros países de África, Europa, Ásia e Pacífico co-assinaram uma carta em resposta, criticando o projecto e dizendo que “não podem apoiar um resultado que não inclua um roteiro para implementar uma transição justa, ordenada e equitativa” a partir de fontes de energia não renováveis.

O compromisso de abandonar os combustíveis fósseis – incluindo o gás natural, o carvão e o petróleo bruto – foi considerado um marco histórico da COP28 no Dubai. Mesmo assim, o acordo não chegou a apelar a uma “eliminação progressiva” no meio de um lobby feroz dos países produtores de petróleo.

Um primeiro rascunho do texto da COP30, que foi divulgado na terça-feira, continha a opção de construir um roteiro longe desses combustíveis.

Mas os principais produtores e consumidores, incluindo a China, a Índia, a Arábia Saudita e a Rússia, rejeitaram a proposta, informaram vários meios de comunicação, citando negociadores familiarizados com as discussões.

Os Estados Unidos – que apoiaram a eliminação progressiva em 2023 no governo do ex-presidente Joe Biden – não enviaram uma delegação à conferência deste ano.

O presidente dos EUA, Donald Trump, há muito que classifica a crise climática e o aquecimento global como uma “farsa”.

Outro ponto de discórdia é o financiamento climático, ou seja, dinheiro para ajudar os países a adaptarem-se às alterações climáticas. O mais recente projeto do Brasil prevê triplicar o financiamento climático até 2030 em comparação com os níveis de 2025.

Mas não ficou claro quem exatamente forneceria o financiamento, se seriam os estados ricos, o setor privado ou os bancos multilaterais de desenvolvimento. Os países ocidentais têm historicamente hesitado em fornecer dinheiro às nações mais pobres que enfrentam os piores efeitos das alterações climáticas.

Falando aos jornalistas na quinta-feira, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, disse que a conferência estava “no limite” e instou os países a “abordar a desinformação que visa descarrilar a transição”.

“As comunidades na linha de frente também estão observando, contando casas inundadas, colheitas fracassadas e meios de subsistência perdidos”, acrescentou. “Eles já ouviram desculpas suficientes.”

Infraestrutura, problemas de fiação

As negociações enfraquecidas foram entretanto interrompidas na quinta-feira por um incêndio que forçou milhares de delegados a evacuar a conferência.

As chamas irromperam em um pavilhão de exposições e rapidamente se espalharam pela estrutura interna do edifício enquanto os participantes terminavam o almoço, durando cerca de seis minutos.

Dezenove pessoas foram tratadas por inalação de fumaça, mas nenhum ferimento foi relatado, de acordo com o evento e os bombeiros.

Os delegados relataram vários problemas com fiação elétrica, ar condicionado e infraestrutura durante a COP30, que está ocorrendo na orla da floresta amazônica.

Milhares de manifestantes também marcharam em Belém para pedir que os povos indígenas e os defensores ambientais sejam ouvidos.

Numa declaração conjunta na noite de quinta-feira, os líderes da ONU e da COP30 disseram que o local do incêndio era “seguro” e voltaram o foco para as negociações, que podem prolongar-se até ao fim de semana.

“Ainda temos um trabalho substancial pela frente e confiamos que os delegados regressarão às negociações num espírito de solidariedade e determinação para garantir um resultado bem sucedido para esta COP”, afirmou o comunicado.

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