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Crítica de ‘Sore: Wife from the Future’: um romance fantástico de viagem no tempo que nunca chega à decolagem

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“Sore: Wife from the Future” pede muito ao seu público. Desde acreditar em viagens no tempo até imaginar cenários de fantasia bizarros, a participação da Indonésia no Oscar depende da suspensão da descrença. Muitos filmes conseguiram converter seu público para uma construção de história única. Aqui, infelizmente, esse pedido é demais. Quase todas as linhas de diálogo saem pesadas, os visuais são padrão e não têm nenhum dos elementos fantásticos da história, e o roteiro dá tantos saltos que embota a sensação de surpresa. Em vez de uma comédia dramática leve sobre o amor, o filme se torna uma tarefa árdua.

“Sore: Wife from the Future” se esforça para ser uma abordagem mais ousada do estereótipo maníaco da garota dos sonhos das duendes. O filme segue Jonathan (Dion Wiyoko), um fotógrafo indonésio à deriva na Croácia. Sua carreira estagnou, sua namorada está farta dele e ele leva um estilo de vida pouco saudável. Ele é uma casca de homem que precisa de conserto. Entra Sore (Sheila Dara), que um dia aparece em seu quarto alegando ser sua esposa do futuro. A princípio ele pensa que ela foi enviada por seu empresário (Goran Bogdan) como uma brincadeira para mexer com ele. No entanto, ela sabe tanto sobre a vida dele que Jonathan começa a acreditar que ela pode ser quem afirma ser.

Neste filme complicado, no entanto, descobertas ainda mais bizarras sobre o personagem-título estão reservadas. Cada vez que Sore revela um fato importante para Jonathan, ela sangra, morre e o tempo é reiniciado. Em seguida, o filme volta para um novo encontro entre Jonathan e Sore, com a memória dele apagada e ela afirmando mais uma vez ser do futuro.

A repetitividade da trama não é ajudada pelas muitas montagens que o diretor e roteirista Yandy Laurens usa como atalhos, em vez de escrever cenas que mostram como o relacionamento central está se desenvolvendo. O público nunca entende o que une Jonathan e Sore. Supõe-se que o relacionamento deles transcende o tempo e a física, mas todos os roteiros são montagens deles fazendo coisas mundanas, como correr em um parque ou flertar durante as refeições. Até a questão do relacionamento carnal é introduzida, tratada rapidamente, descartada e nunca mais levantada. Essas escolhas adicionam mais implausibilidade a um roteiro já carregado com isso.

O tom do filme nunca se estabelece em um ritmo coerente. Logo no início, a comédia pastelão marca as cenas entre Jonathan e seu empresário. Sore e Jonathan passam da energia leve da comédia romântica para passagens sombrias onde o espectro da morte é onipresente. Essas mudanças acontecem bruscamente de uma cena para outra, aumentando a confusão. Dara consegue fundamentar o processo com uma atuação tranquila, onde ela é crível tanto como um ser etéreo de outro mundo quanto como uma pessoa real de carne e osso. Wiyoko é incapaz de igualá-la, sempre exagerando nos gestos. Ele parece constantemente assustado, contorce o rosto e engole a saliva. A diferença entre essas duas performances torna o romance ainda mais inacreditável, enquanto o público pondera o que essa mulher aparentemente confiante vê nesse putz imaturo.

Em última análise, “Sore: Wife from the Future” exige que o público seja envolvido por uma história de amor que desafia a lógica. No entanto, nunca reúne convicção ou clareza para fazer com que esse salto pareça realista. O filme é menos um grande épico romântico do que um exercício narrativo exagerado, que continua se reiniciando sem nunca encontrar personagens nos quais valha a pena investir. Laurens alcança riscos cósmicos, mas nunca ganha o peso emocional que os justificaria. A atuação de Dara continua sendo seu único elemento brilhante, mas mesmo isso se perde nas muitas invenções ao redor. É uma causa perdida para todos os envolvidos.

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