Os irmãos Dardenne representaram a Bélgica na corrida ao Óscar cinco vezes nos últimos 26 anos, sempre com filmes discretos e naturalistas sobre a classe trabalhadora. Sua última entrada, “Young Mothers”, segue um grupo de adolescentes que estão grávidas ou deram à luz recentemente, vivendo juntas em um lar para jovens mães enquanto lutam com problemas financeiros, familiares e de dependência.
O filme estreou no Festival de Cinema de Cannes deste ano, onde ganhou o prêmio de Melhor Roteiro do júri presidido pela atriz Juliette Binoche. Foi o segundo prêmio de roteiro em Cannes, junto com um prêmio de Melhor Diretor, um Grande Prêmio e duas Palmas de Ouro, uma por “Rosetta” em 1999 e outra por “L’Enfant” seis anos depois.
Luc Dardenne e Jean-Pierre Dardenne (JB Lacroix/FilmMagic)
No meio do filme, senti medo de todos os personagens e fiquei preocupado com o destino deles. Mas há lindos momentos de graça e esperança no final.
LUC DARDENNE Desde o início, era isso que queríamos. Queríamos que todas aquelas jovens e jovens mães tivessem esperança, mesmo que seja muito frágil.
JEAN-PIERRE DARDENNE Começamos escrevendo sobre uma jovem mãe, e tivemos a ideia dessa jovem exposta à violência, às drogas, vivendo na rua. Mas visitamos uma casa e o que descobrimos é que aquelas jovens mães estavam num ambiente muito mais gentil e suave do que viviam no passado.
LUC A gentileza do lugar e das pessoas que ali trabalham e os ajudam mudaram o que queríamos escrever. E filmamos naquela casa.
Eles tiveram que tirar as meninas de lá quando você filmou?
LUC Sim. Tipo, a 300 metros de distância, tinha um pequeno prédio para alugar com apartamentos, todos vagos. Assim, as verdadeiras jovens mães saíam da maternidade às 7 da manhã e iam para aquele prédio vazio que foi montado para elas. Aí chegávamos com a equipe de filmagem e à noite, quando íamos embora, as mães voltavam.
Quão complicado foi trabalhar continuamente com bebês?
JEAN-PIERRE No final das contas, a única coisa que não conseguíamos controlar eram os bebês. Mas a atmosfera no set era muito pacífica. Se o bebê verdadeiro tivesse que tomar mamadeira ou o seio da mãe, todo mundo esperava.
LUC Aproveitamos o tempo e esperamos que os bebês ficassem confortáveis e brincassem de verdade com as atrizes. Não foi apenas “Ah, o bebê não está fazendo o que queríamos que ele fizesse. Faremos efeitos visuais e colocaremos os olhos dele no lugar certo”. Houve apenas um caso em que o bebê estava sempre olhando para a câmera e não conseguimos manter as fotos.
As atrizes ensaiaram com bonecas, mas também trabalharam com os bebês e conseguiram criar vínculos. Houve uma cena em que uma atriz estava dando banho em um bebê na pia, e a maneira como o bebê olhava para ela realmente se assemelhava à personagem. Não poderíamos ter esperado mais honestidade do que isso. Não poderíamos ter dito ao bebê: “Oh, olhe, olhe para a atriz!” Mas aconteceu naturalmente.
As jovens mães da casa se sentiram confortáveis conversando com você?
LUC Os verdadeiros? Não. Eles eram menores de idade, e a lei determina que as pessoas que vêm de fora não têm o direito de fazer perguntas sobre o passado. Nós os conhecemos e tivemos conversas casuais, mas não tocamos em suas vidas privadas.
Algum deles sabia quem você é? Eles tinham visto algum dos seus filmes?
LUC Não, não, não. Eles não viram nenhum dos filmes. Mas eles poderiam nos procurar na internet, eu acho.
Não é exatamente o público-alvo dos filmes dos irmãos Dardenne, suponho.
JEAN-PIERRE (Rindo) Não, não, não, não!
Esta história apareceu pela primeira vez na edição Below-the-Line/Documentaries/International da revista de premiação TheWrap. Leia mais sobre o assunto aqui.
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