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BrLab do Brasil adiciona Kids Lab, Green Push para 15ª edição em abril próximo (EXCLUSIVO)

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BrLab do Brasil adiciona Kids Lab, Green Push para 15ª edição em abril próximo (EXCLUSIVO)

Enquanto o BrLab, centro de desenvolvimento e treinamento com sede em São Paulo, se prepara para sua edição de 15 anos em 2026, um dos laboratórios de projetos mais influentes da América Latina abriu inscrições e revelou uma série de mudanças destinadas a expandir seu alcance, aprofundar seu apoio a talentos emergentes e impulsionar a sustentabilidade na agenda regional.

O 15º BrLab acontecerá de 7 a 14 de abril, principalmente em São Paulo, com atividades satélites em Brasília e Recife. Produtores, diretores e escritores de toda a América Latina, Espanha e Portugal se reunirão para uma semana de laboratórios, encontros de mercado e programação de indústria aberta.

As inscrições para os quatro workshops 2026 – BrLab Features, BrLab Rough Cut, BrLab Audience Design e o novo BrLab Kids – são gratuitas e abertas de 12 de novembro a 12 de dezembro de 2025, pelo site do laboratório.

“Para nós, cada edição é uma oportunidade de identificar o que está sendo imaginado na região”, afirma o fundador, diretor e curador do BrLab, Rafael Sampaio. “A indústria confia em nós novas ideias ano após ano.”

Fundado em 2011 e organizado pela Klaxon Cultura Audiovisual, o BrLab cresceu de um pequeno workshop para recursos latino-americanos para uma plataforma compacta, mas influente, mais um centro de treinamento do que um mercado completo, mas firmemente inserido no calendário regional para projetos que buscam aprimorar suas estratégias criativas e financeiras.

Apoiado por instituições como o programa Ibermedia, Projeto Paradiso e Spcine – e agora a Petrobras como patrocinadora plurianual – o BrLab recebe anualmente mais de 400 inscrições, com curadoria de um comitê de seleção profissional.

Até 2025, 62 longas-metragens que passaram por suas diversas seções foram produzidos e lançados, mais 17 estão em pós-produção e outros 10 estão financiados para produção até 2026. No próximo ano, o número de filmes concluídos vinculados ao laboratório deverá se aproximar de 90.

Muitos estrearam em festivais de alto nível, incluindo Cannes, Veneza, Berlim, San Sebastián, Locarno, Sundance e Toronto. Destaques recentes incluem “O Olhar Misterioso do Flamingo”, que ganhou o prêmio máximo em Un Certain Regard, em Cannes; “Levante” (Semana da Crítica de Cannes 2023); “Légua”, exibido na Quinzena dos Realizadores de Cannes; Título de Sundance “Los Tiburones”; Vencedor de vários prêmios do concurso Berlinale “Las Heiresses”; e o prêmio San Sebastián Golden Shell “Los Reyes del Mundo”. “O Lobo Atrás da Porta”, selecionado na primeira edição do BrLab em 2011, foi posteriormente estreado em Toronto e San Sebastián, anunciando um novo talento para acompanhar em Fernando Coimbra.

Evitando o corredor lotado do Festival de Outono

A partir desta 15ª edição, o BrLab mudou definitivamente do tradicional período de outubro para o início de abril. A mudança foi projetada para evitar o corredor lotado dos festivais de outono e dar aos projetos mais tempo para aprimorar roteiros e cortes antes de estrear na segunda metade do ano.

“Essa mudança cria um ritmo mais útil para o desenvolvimento dos projetos”, diz Sampaio. “Queremos que nossas equipes selecionadas aproveitem ao máximo o circuito internacional e abril as posiciona bem para fazer isso – especialmente para o Rough Cut Lab.”

Em 2021, o BrLab lançou o BrLab CoPro, um fórum boutique de coprodução com curadoria que visa galvanizar novas parcerias com o Brasil e outros territórios latino-americanos. O fórum convida produtores, fundos, agentes de vendas e emissoras que buscam estruturar pacotes transfronteiriços num momento em que a coprodução se tornou essencial para o financiamento e a circulação.

Essa plataforma está aprofundando o papel do BrLab como conector não apenas de talentos, mas também dos atores institucionais e industriais que podem realmente realizar filmes.

Laboratórios emblemáticos e design de público

A espinha dorsal do programa continua sendo o BrLab Features, focado em longas de ficção da América Latina, além de Espanha e Portugal. 12 projetos receberão orientação em roteiro, direção, produção e distribuição de uma lista de pesos pesados ​​regionais. Apoiador de longa data, o Programa Ibermedia, parceiro desde a primeira edição, voltará a oferecer bolsas de participação a equipas selecionadas.

Correndo paralelamente, o BrLab Rough Cut atende recursos de ficção e documentário em fase de edição de todo o mundo ibero-americano, emparelhando cada projeto com um tutor de edição e um pequeno grupo de colegas para ajudar a ajustar o corte e posicionar o filme para festivais, vendas e distribuição.

Após uma fase inicial centrada no Brasil, o programa Audience Design do BrLab retorna com uma atuação mais ampla, agora aberto a toda a América Latina e Península Ibérica. Inspirado nas metodologias que Sampaio encontrou pela primeira vez no TorinoFilmLab, o workshop ajuda as equipes a pensar estrategicamente sobre o público desde o desenvolvimento, mapeando espectadores centrais e secundários e traçando caminhos de lançamento que possam combinar festivais, teatros, plataformas e circuitos alternativos.

“No Brasil todo mundo fala em ‘criar novos públicos’, mas durante anos as pessoas se desconectaram do nosso próprio cinema – elas simplesmente não foram educadas para se verem na tela”, explicou Sampaio. “É por isso que precisamos de espaços como o BrLab, onde narrativas e histórias latino-americanas possam ser desenvolvidas e protegidas, ao mesmo tempo que estamos de olho no mercado, porque ser representado na tela é um direito.”

Laboratório Infantil em Recife

A maior novidade agora anunciada para 2026 é o BrLab Kids, nova oficina dedicada a projetos de filmes e séries para o público infantil e jovem, que acontecerá no Recife. A iniciativa responde ao que Sampaio vê como uma falta crônica de políticas públicas específicas e apoio institucional para conteúdo infantil no Brasil e em grande parte da América Latina.

“Se as crianças não crescerem assistindo histórias latino-americanas, não se sentirão conectadas à nossa história e ao nosso cinema quando se tornarem adultos”, argumentou.

Os projetos selecionados para o BrLab Kids receberão tutoria de escritoras especializadas no público jovem, como Janaína Tokitaka e Gabriella Mancini, além de consultoras pedagógicas. A produtora recifense Nara Aragão supervisionará a mentoria de produção.

Para Sampaio, a vertente infantil está intimamente ligada ao impulso do design do público, oferecendo um espaço para enfrentar os desafios dos títulos familiares que competem com os estúdios norte-americanos, ao mesmo tempo que tenta construir um público local fiel para histórias regionais.

Iniciativa Verde com a Petrobras

Apoiado pela primeira vez pela Petrobras como parceira apresentadora e patrocinadora principal, a 15ª edição do BrLab também lançará um impulso de sustentabilidade. Com curadoria da pioneira especialista em produção verde Ariane Ferreira, o laboratório montou o Think Tank BrLab Petrobras, juntamente com o Festival Cinema Verde, uma iniciativa para adaptar padrões ecológicos internacionais emergentes às realidades latino-americanas e incentivar instituições locais a integrar critérios ambientais no financiamento de filmes.

Sampaio aponta como referência os novos relatórios europeus e os esquemas de incentivos em torno da produção cinematográfica e televisiva mais ecológica, mas sublinha que a América Latina está a partir de uma base diferente. O objetivo, diz ele, é convocar a indústria em torno de medidas práticas que possam ser adotadas progressivamente na região.

“Em muitos casos, as únicas práticas verdes reais em nossa região acontecem em grandes programas de streaming internacionais que chegam com seus próprios protocolos”, diz ele. «Se conseguirmos testar ideias no setor audiovisual, isso também poderá inspirar mudanças noutras partes da sociedade.»

Centro de coprodução em um Brasil em recuperação

A 15ª edição do BrLab acontece em um momento em que o cinema brasileiro vive um novo impulso. Após anos de paralisia do financiamento, os esquemas de coprodução minoritária foram reavivados e o Brasil está mais uma vez a consolidar-se rapidamente como um parceiro procurado em grandes projetos latino-americanos, muitas vezes em combinação com financiamento europeu.

“Hoje, projetos estrangeiros podem vir ao BrLab para encontrar coprodutores minoritários brasileiros”, observa Sampaio. “Quando lançámos, a Ibermedia era praticamente a única via de coprodução. Agora existem vários fundos e o laboratório tornou-se um ponto de encontro natural.”

Sessão de design de público no BrLab 2019

Linda Tozini

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